sábado, 22 de fevereiro de 2014

Mundo da lua


Mundo da lua 

Estou onde sempre quis estar!
Onde o preto e o branco são coloridos,
E se deixam apertar,
Por sorrisos aos prazeres cedidos.

Estou como nunca pensei estar!
Perto do que quero. 
Longe do que quero apartar.
Sobretudo enquanto espero.

Estou não sei bem onde.
A fazer não sei bem o quê.
Nisto tudo só não se esconde,
Aquele meu pequeno... porquê?

Pois não estando perdido,
Certo me perco.
E não me sentindo dividido,
Por divisões me cerco.

Estou onde não me sinto.
Mas onde bem me sentei.
Onde aquilo extinto,
Eu bem reinventei.

Estou para la de longe, 
E de mim tão perto.
Vendo que tudo foge,
Num segundo incerto.

Estou num lugar só meu.
Que incógnito ninguém reclamou.
Onde quem temeu,
De verdade amou!

Estou sem estar.
Num estar e não estar permanente.
Mas não sou louco por testar
O mundo da lua, por um segundo somente!

Um soneto para ti


Um soneto para ti

Soube que te amava,
No dia em que no teu olhar puro,
Aquilo que brilhava,
Eu chamei de futuro.

Desde ai sempre que te olhava,
Não havia mais segredo.
E o teu olhar chegava,
Para matar qualquer medo.

Hoje se ainda sei,
É  porque anda te consigo ver.
E não porque pensei,
Que a vida soube-se tão bem escrever.

É  porque do teu brilho não me cansei.
E de ti preciso para viver!

Passos de ninguém


Passos de ninguém

Conta os seus passos
Quem não sabe caminhar.
Para depois os dizer escassos
E dificeis de alinhar.

Para que serve este dom?
Se nos pés meter-mos cabeças!
Desde de quando se torturar e bom?

Para que serve andar por promeças
Basiadas num valor,
Que valor não tem?
Numa pintura bicolor 
Com passos de ninguém!

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Instantes




Instantes

Há instantes em que penso.
Instantes em que atuo.
Há instantes em que tudo é denso.
E num instante flutuo.

Há instantes em que tudo me escapa,
Levado pelo tempo no colo.
Ou instantes em que o tempo rasga o mapa.
 E para… para me chamar tolo!

Há instantes distantes…
Diferentes de agora.
Todos presentes,
Vindos sem hora.

E se ai… instantes não fossem apenas instantes…

Que faria quem neles chora?

Estado de alma



Estado de alma

Estou aborrecido e não falo.
Bufo e bocejo,
Porque não me regalo,
Quando nada beijo.

A vontade que já escalei…
É a mesma que agora escalo!
E que tantas vezes calei.
Como agora calo.

Nada vem.
Nada vejo.
Tudo aparece além,
Daquilo que eu nem desejo.

Enfim….Que fazer quando nada apetece?

E o silêncio é tudo o que aparece.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Agora Juntos


Agora Juntos

Minha luz sentilante.
Meu tesouro relusente.
Meu futuro e presente.
Minha sorte gratificante.

Chamo-te voo alto.
Graciosidade de uma vida.
Caricia enriquecida,
De um louco salto.

Chamo-te explosão atômica,
De certezas e ilusões.
Encantadora de corações,
Que o teu jeito pica.

Nunca realizei a ideia,
De pegar cada parte de ti, e ama-la.
Como agora a realizo, sem força-la.
Pois corres-me na veia!

Voltas mal dadas,
Por jardins trocados.
Não foram mais do que fados
E cantigas feitas para ser cantadas.

Devaneios que nos fizeram
Andar lado a lado,
Sem nos termos de verdade encontrado.
Para la do que quiseram.

Agora juntos, rimos de tudo!
Cada erro, cada engano.
Cada nodoa no pano,
Que o tempo fez mudo.

Cada passo bendito,
Dado em frente.
Direção a nascente
Onde o sol vinha com o nosso nome escrito.

Agora juntos abraça-mos a vida
Com vontade de a voltar a abraçar.
Convidamos-a a vir connosco dançar,
Aquela musica que por ela é oferecida.

Convidamos-a para uma volta
Pelo nosso jardim florido.
Onde nada esta perdido.
Mas tudo anda à solta!

Agora juntos damo-nos,
Sem pensar no que demos.
Sabendo bem que somos
Muito mais do que à anos.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Onde deixastes os corações?



Onde deixastes os corações?

Se o mal separa a gente
Porque guarda-lo?
Faze-lo pente
De cabeças sem cabelo?
Faze-lo espada
De gente mal amada?

Chamai-me louco.
Se mesmo por pouco,
Consigo ver um mundo,
Onde ele não é preciso.
Onde foi vendido a ele mesmo.
E o dinheiro ganho foi dado ao acaso.
Entre aquilo que amo
E faz o sorriso
Ter sentido.

Vejo mais num abraço querido.
Do que na pancadinha nas costas.
Que tem o segredo perdido,
Naquilo que gostas
E não mostras.

Vejo mais num beijo cedido
No calor do momento.
Que acontece e não reparas.
Do que naquele  roubado,
Aos labios sem sentimento.
Que à muito preparas
Para ter teus.

Estrategias fora da validade.
Cimentadas num mal sem idade.
Fazem o homem ter seus,
Os poderes de um Deus.
Na pele de um Diabo.

E a hipocrita sociadade,
Ve tudo isto levado a cabo
Indiferente.
Mas crente.
Enquanto dorme soponho...
E pede num sonho,
Que tudo isto acabe.

Mas nada sabe.
Por isso nada faz!
Homenageia o bem,
Brindando-lhe com um copo de mal desmedido.
Enquanto tudo se desfaz.

Porque a inveja,
Erguida na incompetência,
Faz esquecer um amor que seja.
Numa raiva que incêndeia
Multidões.

...E aqueles ricos pobres que ainda acreditam,
Apenas perguntam...
Onde deixastes os corações?

Onde esta o amor de que tantos falaram?!
O bem que tantos quiseram?!
A canção que tantos cantaram?!
O sonho de pequenino,
Que se tornou hino,
De uma nação bendita?

Procuro-a hoje a cada alvorada.
Antes que morra a esperança.
E a ultima criança nasça,
E não sobre nada.


quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Quero entregar-me a ti



Quero entregar-me a ti

Encontra-me,
Onde so tu me podes encontrar!
Segue as marcas,
Que so para ti soube deixar.
Auxilia-te nas placas,
Que so a sorte te pode mostrar

Encontra-me ,
Onde te espero.
Sem vontade de esperar!
Onde é severo,
Ver o tempo passar.
Sem te trazer com charme.

Onde a ansiedade, qual vérme,
Me come por dentro,
Sem medo de aleijar.
E vai embora com pena
De não voltar.
Porque estàs a chegar!

Marca-mos encontro
Naquela praia pequena.
Onde jà nos deitamos.
Em tempos a que chamamos:
“Inicio”.
Onde brincamos,
Tanto como passeamos.
E as nossas pégadas na areia,
Não se queriam apagar.

Como uma sereia
Segue o meu cantar.
Aparece entre as ondas
Reclamando o teu cantor!
Ai eu sussegarei as cordas .
Não precisarei mais gritar:
“Quero entregar-me ao amor!
Quero entregar-me a ti!”

sábado, 17 de novembro de 2012

Como dois Beija-flores



Como dois Beija-flores

Peguei-te ao colo.
E rodei!
Marquei o solo,
Com as voltas que dei.
E corri!
Em direcção ao sol,
Sorri!
Com o coração a prol,
E o passo leve.

Ate ao breve,
Brilho entre o azul,
Apontado para sul,
Do teu olhar.
Me levar a falhar
Com tudo.
E beijar-te
Em meus braços!
Num contra-relogio,
De corações agraços
Que aprendem a amadurecer.

Pousei-te no mais macio
Relvado.
Feito de carinho.
E ai tu beijaste-me!
Deste-me
Um adivinho.
Em forma de caricia inventado.
Que me disse:
“Que senti-se
Acontecer...”

Deitaste a cabeça sobre o meu peito.
E olha-mos o infinito.
Onde surgiamos sorrindo.
Entre outro beijo roubado
Ao mundo sem remedio
De quem beija apaixonado.

Embalados pelo que nos aquece.
Cobertos pelo que nos aconchega .
O sussêgo chega
De onde tudo se esquece.
E adormecemos num beijo sonhado.
Acordamos num beijo querido...
Matamos o desejo
Num beijo
Escondido na cor.
Como um beija-flor.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Hoje



Hoje

Quebraste o gelo.
A vaidade que tinha.
Aquele nada  belo
Desdém de onde vinha.

O espaço determinado
Pelo medo,
Às escuras.
Envolto por um silêncio sem estruturas.
Onde o nada,
Passava por coisa alguma.
Sem pedaço de alma.
Ou vergonha deslavada.

Aquele mundo
Sem estrelas.
Totalmente mudo.
Onde se faziam escalas
De solidão em solidão
Como solução.

Quebraste o que foi preciso!
Ate o dente do siso,
Ao coração.

E hoje sem calçado...
Corremos de pé descalço,
Pelo que quebraste no passado.
Sem medo do futuro falso.
Pronto a ser quebrado a dois.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Reencontro




Reencontro

Vês uma face.
E o seu desenlace...
Acontece
Onde a luz nasce.

A tua alma aquece...
O teu medo arrefece...
E pensas-te a dormir?

O teu sonho, a sorrir.
Milagre inconsciente,
Do inconsciente presente.
Começa-se a cumprir.

O vento traz saudade?
As rugas idade?
O perfume...ainda verdade?

Confirma-se...O carrossel rodou!
A campainha tocou!
A vida parou e focou.
O reencontro, com que te brindou.

E o teu nariz é o canal,
Por onde as tuas làgrimas mal ou bem
Vão passando, como sò elas sabem.
Antes de cairem,
Sem sinal,
Do que querem.

E o chão que molhas,
É feito de folhas.
Que o momento vai preencher
Quando de ti recolher
O voto de possivél e real.

domingo, 4 de novembro de 2012

Um dia dourado




Um dia dourado

Uma folha
Levanta com encanto,
Sopros da escolha
De um canto.
Onde o amor cresce do chão.
E a mão se baixa para o acariciar.

Onde sobra o ar,
Para soltar o vulcão.
E amar!...
Como o mar
Ama a areia.
E a beija, como a uma sereia,
Linda e fina.

...Onde a musica que toca,
Sabe a pouco.
Mas ouve-se muito.
Pois na doca,
Anda o louco .
Muitas vezes mito.

...Onde a sina
De um apaixonado
Se cumpre e cumpre...
Quando o dia acontece sempre,

 Dourado.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Perdido ao sol



Perdido ao sol

Sento-me ao sol quente.
Aguço o dente.
E escrevo:

“Aquilo que sirvo
Não me serve.
Ferverà...
Na alma escaldada
De quem o leve.

Jà o tive
Onde, ter se deve.
E não mais estarà.

Agora foge!
Vai ferver longe.
Deixa-me cà!”

Rapariga



Rapariga

Rapariga…
Ha algo em ti que me intriga.
Não sei o que é esta formiga,
Que pica e faz comichão.
Que para so quando para,
Por tudo ter razão.

Dou voltas e mais voltas,
Tentando vê-las mortas.
A todas é-me impossivel.
É-me de todo impensàvel.
Quando mais voltas dou,
Mais picado sou.

Tu rapariga...
Para mim és intriga.
És formigueiro.
Não és verdade por inteiro.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Lenda da Cabeça da Velha



Lenda da Cabeça da Velha

Era uma vez...
No norte português.
Plena serra da Peneda Gerês.
Onde ao longe se via
Terras de Galiza.
Que vivia uma jovem flor.
Dona de uma rara beleza
E fartos haveres.
De nome Leonor.

Vivia com seu tio D.Bernardo.
Também ele senhor abastado.
Até mesmo, na estima que tinha
Pela sua sobrinha.

De tal forma que a via,
Num desejo egoista.
A ficar a seu lado,
Até que a sua vista,
Se fecha-se para sempre, num longinquo dia.

Mas este seu céu,
Tinha uma nuvem.
Um inocente réu.
Chamado amor.
Um jovem.
Primo de Leonor.
Inteligente e belo.
Com nobre solar na região.
Havia-lhe roubado o coração.

Namoravam escondidos.
Sem alaridos.
Pois eram conhecedores,
Dos perigos e dissabores,
A que esta relação levaria.
Fosse D.Bernardo sabedor,
Deste amor comovedor.

A ajudar o casal,
Estava a velha serviçal,
Do tio egoista.
Marta.
Havia criado,
Leonor desde  pequenina.
E desde menina,
Leonor, tinha nela encontrado,
Uma fiel confidente.
Sempre presente.

Era um prazer para Marta ver,
O amor que os unia.
Tanto como o medo de Leonor.
Não fosse Marta um dia,
Deixar escapar um promenor
Ao seu amo e senhor.
Certa estava de que os três puniria.
Sentindo desconfiança na sua lealdade,
Marta disse indignada:
“Se alguma vez a trair.
Mesmo que obrigada.
Prefiro cair!
Sem piedade!
Amaldiçoada!
E transformar-me numa pedra!
Como essa do cabeço fria e rude."

Um dia D.Afonso esperou Marta,
Num recanto escondido.
E entregou-lhe uma carta,
Derigida a Leonor.
Que ele tinha redigido.
Onde lhe pedia com fervor,
Que com ele fugi-se.
Iriam para seu solar.
Para na sua capela casar.
Sem que nada os impedisse.

Marta regressou a casa.
Mas não chegou sem que antes,
O seu amo lhe sai-se ao caminho.
E vi-se duas coisas preocupantes.
A carta que ela trazia na asa.
E o quão longe ela estava do ninho.
D.Bernardo, que havia saido para caçar.
Havia ali caçado,
Mais do que ele estava a pensar.
Marta resistiu.
Mas de nada serviu.
D.Bernardo tirou-lhe a carta.
E logo de seguida leu-a.
Espantou-se!
Com o amor que ignorava.
Calado voltou-se.
Pegou na carta e devolveu-a.
Supresa com a atitude que não esperava.
Correu para a entregar a Leonor.
Preferindo guardar,
O que lhe acontecera e apoquentava.
Esperando entre o medo e a dor,
Que D.Bernardo nada fize-se.

Na noite combinada,
Por uma capa escondida.
E com um olhar humido de saudade,
Que não escondia sentir.
Procurou os braços do seu amor, que a aguardava,
Para cair.

Por entre as sombras da noite,
A sua propria sombra, era perseguida de longe.
E no solar, Marta procurava
Nas sombras encontrar, o que para Leonor foge.
Era a morte!
A morte de um sonho!
Seu tio havia armado-lhes uma armadilha.
Marta correu!
Correu, como quem foge do mal.
E conseguiu avisar o casal.
E o sonho sobreviveu!
A cada galopar do cavalo.

Num pequeno intervalo,
Para tràs olharam.
Tentando agradecer a Marta a sua lealdade.
Que lhes salvara a felecidade.
Porém...
Não foram além,
De ver a rijeza,
De uma pedra em que se esculpia...
Uma face rugosa.
Um nariz curvado.
Um queixo caido.
Uns olhos cegos,
Que os musgos,
Comessavam a cobrir,
Macios e piedosos.

Era verdade!
A promessa de Marta tornara-se realidade.
A velha criada transformara-se
Em pedra rija e fria.
Que parecia estar a despedir-se
Do casal que desaparecia
Cada vez mais... e mais... e mais.

Poema elaborado com base na lenda contada pelo escritor "Antonio Manuel Couto" em 2002