quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Onde deixastes os corações?



Onde deixastes os corações?

Se o mal separa a gente
Porque guarda-lo?
Faze-lo pente
De cabeças sem cabelo?
Faze-lo espada
De gente mal amada?

Chamai-me louco.
Se mesmo por pouco,
Consigo ver um mundo,
Onde ele não é preciso.
Onde foi vendido a ele mesmo.
E o dinheiro ganho foi dado ao acaso.
Entre aquilo que amo
E faz o sorriso
Ter sentido.

Vejo mais num abraço querido.
Do que na pancadinha nas costas.
Que tem o segredo perdido,
Naquilo que gostas
E não mostras.

Vejo mais num beijo cedido
No calor do momento.
Que acontece e não reparas.
Do que naquele  roubado,
Aos labios sem sentimento.
Que à muito preparas
Para ter teus.

Estrategias fora da validade.
Cimentadas num mal sem idade.
Fazem o homem ter seus,
Os poderes de um Deus.
Na pele de um Diabo.

E a hipocrita sociadade,
Ve tudo isto levado a cabo
Indiferente.
Mas crente.
Enquanto dorme soponho...
E pede num sonho,
Que tudo isto acabe.

Mas nada sabe.
Por isso nada faz!
Homenageia o bem,
Brindando-lhe com um copo de mal desmedido.
Enquanto tudo se desfaz.

Porque a inveja,
Erguida na incompetência,
Faz esquecer um amor que seja.
Numa raiva que incêndeia
Multidões.

...E aqueles ricos pobres que ainda acreditam,
Apenas perguntam...
Onde deixastes os corações?

Onde esta o amor de que tantos falaram?!
O bem que tantos quiseram?!
A canção que tantos cantaram?!
O sonho de pequenino,
Que se tornou hino,
De uma nação bendita?

Procuro-a hoje a cada alvorada.
Antes que morra a esperança.
E a ultima criança nasça,
E não sobre nada.


quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Quero entregar-me a ti



Quero entregar-me a ti

Encontra-me,
Onde so tu me podes encontrar!
Segue as marcas,
Que so para ti soube deixar.
Auxilia-te nas placas,
Que so a sorte te pode mostrar

Encontra-me ,
Onde te espero.
Sem vontade de esperar!
Onde é severo,
Ver o tempo passar.
Sem te trazer com charme.

Onde a ansiedade, qual vérme,
Me come por dentro,
Sem medo de aleijar.
E vai embora com pena
De não voltar.
Porque estàs a chegar!

Marca-mos encontro
Naquela praia pequena.
Onde jà nos deitamos.
Em tempos a que chamamos:
“Inicio”.
Onde brincamos,
Tanto como passeamos.
E as nossas pégadas na areia,
Não se queriam apagar.

Como uma sereia
Segue o meu cantar.
Aparece entre as ondas
Reclamando o teu cantor!
Ai eu sussegarei as cordas .
Não precisarei mais gritar:
“Quero entregar-me ao amor!
Quero entregar-me a ti!”

sábado, 17 de novembro de 2012

Como dois Beija-flores



Como dois Beija-flores

Peguei-te ao colo.
E rodei!
Marquei o solo,
Com as voltas que dei.
E corri!
Em direcção ao sol,
Sorri!
Com o coração a prol,
E o passo leve.

Ate ao breve,
Brilho entre o azul,
Apontado para sul,
Do teu olhar.
Me levar a falhar
Com tudo.
E beijar-te
Em meus braços!
Num contra-relogio,
De corações agraços
Que aprendem a amadurecer.

Pousei-te no mais macio
Relvado.
Feito de carinho.
E ai tu beijaste-me!
Deste-me
Um adivinho.
Em forma de caricia inventado.
Que me disse:
“Que senti-se
Acontecer...”

Deitaste a cabeça sobre o meu peito.
E olha-mos o infinito.
Onde surgiamos sorrindo.
Entre outro beijo roubado
Ao mundo sem remedio
De quem beija apaixonado.

Embalados pelo que nos aquece.
Cobertos pelo que nos aconchega .
O sussêgo chega
De onde tudo se esquece.
E adormecemos num beijo sonhado.
Acordamos num beijo querido...
Matamos o desejo
Num beijo
Escondido na cor.
Como um beija-flor.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Hoje



Hoje

Quebraste o gelo.
A vaidade que tinha.
Aquele nada  belo
Desdém de onde vinha.

O espaço determinado
Pelo medo,
Às escuras.
Envolto por um silêncio sem estruturas.
Onde o nada,
Passava por coisa alguma.
Sem pedaço de alma.
Ou vergonha deslavada.

Aquele mundo
Sem estrelas.
Totalmente mudo.
Onde se faziam escalas
De solidão em solidão
Como solução.

Quebraste o que foi preciso!
Ate o dente do siso,
Ao coração.

E hoje sem calçado...
Corremos de pé descalço,
Pelo que quebraste no passado.
Sem medo do futuro falso.
Pronto a ser quebrado a dois.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Reencontro




Reencontro

Vês uma face.
E o seu desenlace...
Acontece
Onde a luz nasce.

A tua alma aquece...
O teu medo arrefece...
E pensas-te a dormir?

O teu sonho, a sorrir.
Milagre inconsciente,
Do inconsciente presente.
Começa-se a cumprir.

O vento traz saudade?
As rugas idade?
O perfume...ainda verdade?

Confirma-se...O carrossel rodou!
A campainha tocou!
A vida parou e focou.
O reencontro, com que te brindou.

E o teu nariz é o canal,
Por onde as tuas làgrimas mal ou bem
Vão passando, como sò elas sabem.
Antes de cairem,
Sem sinal,
Do que querem.

E o chão que molhas,
É feito de folhas.
Que o momento vai preencher
Quando de ti recolher
O voto de possivél e real.

domingo, 4 de novembro de 2012

Um dia dourado




Um dia dourado

Uma folha
Levanta com encanto,
Sopros da escolha
De um canto.
Onde o amor cresce do chão.
E a mão se baixa para o acariciar.

Onde sobra o ar,
Para soltar o vulcão.
E amar!...
Como o mar
Ama a areia.
E a beija, como a uma sereia,
Linda e fina.

...Onde a musica que toca,
Sabe a pouco.
Mas ouve-se muito.
Pois na doca,
Anda o louco .
Muitas vezes mito.

...Onde a sina
De um apaixonado
Se cumpre e cumpre...
Quando o dia acontece sempre,

 Dourado.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Perdido ao sol



Perdido ao sol

Sento-me ao sol quente.
Aguço o dente.
E escrevo:

“Aquilo que sirvo
Não me serve.
Ferverà...
Na alma escaldada
De quem o leve.

Jà o tive
Onde, ter se deve.
E não mais estarà.

Agora foge!
Vai ferver longe.
Deixa-me cà!”

Rapariga



Rapariga

Rapariga…
Ha algo em ti que me intriga.
Não sei o que é esta formiga,
Que pica e faz comichão.
Que para so quando para,
Por tudo ter razão.

Dou voltas e mais voltas,
Tentando vê-las mortas.
A todas é-me impossivel.
É-me de todo impensàvel.
Quando mais voltas dou,
Mais picado sou.

Tu rapariga...
Para mim és intriga.
És formigueiro.
Não és verdade por inteiro.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Lenda da Cabeça da Velha



Lenda da Cabeça da Velha

Era uma vez...
No norte português.
Plena serra da Peneda Gerês.
Onde ao longe se via
Terras de Galiza.
Que vivia uma jovem flor.
Dona de uma rara beleza
E fartos haveres.
De nome Leonor.

Vivia com seu tio D.Bernardo.
Também ele senhor abastado.
Até mesmo, na estima que tinha
Pela sua sobrinha.

De tal forma que a via,
Num desejo egoista.
A ficar a seu lado,
Até que a sua vista,
Se fecha-se para sempre, num longinquo dia.

Mas este seu céu,
Tinha uma nuvem.
Um inocente réu.
Chamado amor.
Um jovem.
Primo de Leonor.
Inteligente e belo.
Com nobre solar na região.
Havia-lhe roubado o coração.

Namoravam escondidos.
Sem alaridos.
Pois eram conhecedores,
Dos perigos e dissabores,
A que esta relação levaria.
Fosse D.Bernardo sabedor,
Deste amor comovedor.

A ajudar o casal,
Estava a velha serviçal,
Do tio egoista.
Marta.
Havia criado,
Leonor desde  pequenina.
E desde menina,
Leonor, tinha nela encontrado,
Uma fiel confidente.
Sempre presente.

Era um prazer para Marta ver,
O amor que os unia.
Tanto como o medo de Leonor.
Não fosse Marta um dia,
Deixar escapar um promenor
Ao seu amo e senhor.
Certa estava de que os três puniria.
Sentindo desconfiança na sua lealdade,
Marta disse indignada:
“Se alguma vez a trair.
Mesmo que obrigada.
Prefiro cair!
Sem piedade!
Amaldiçoada!
E transformar-me numa pedra!
Como essa do cabeço fria e rude."

Um dia D.Afonso esperou Marta,
Num recanto escondido.
E entregou-lhe uma carta,
Derigida a Leonor.
Que ele tinha redigido.
Onde lhe pedia com fervor,
Que com ele fugi-se.
Iriam para seu solar.
Para na sua capela casar.
Sem que nada os impedisse.

Marta regressou a casa.
Mas não chegou sem que antes,
O seu amo lhe sai-se ao caminho.
E vi-se duas coisas preocupantes.
A carta que ela trazia na asa.
E o quão longe ela estava do ninho.
D.Bernardo, que havia saido para caçar.
Havia ali caçado,
Mais do que ele estava a pensar.
Marta resistiu.
Mas de nada serviu.
D.Bernardo tirou-lhe a carta.
E logo de seguida leu-a.
Espantou-se!
Com o amor que ignorava.
Calado voltou-se.
Pegou na carta e devolveu-a.
Supresa com a atitude que não esperava.
Correu para a entregar a Leonor.
Preferindo guardar,
O que lhe acontecera e apoquentava.
Esperando entre o medo e a dor,
Que D.Bernardo nada fize-se.

Na noite combinada,
Por uma capa escondida.
E com um olhar humido de saudade,
Que não escondia sentir.
Procurou os braços do seu amor, que a aguardava,
Para cair.

Por entre as sombras da noite,
A sua propria sombra, era perseguida de longe.
E no solar, Marta procurava
Nas sombras encontrar, o que para Leonor foge.
Era a morte!
A morte de um sonho!
Seu tio havia armado-lhes uma armadilha.
Marta correu!
Correu, como quem foge do mal.
E conseguiu avisar o casal.
E o sonho sobreviveu!
A cada galopar do cavalo.

Num pequeno intervalo,
Para tràs olharam.
Tentando agradecer a Marta a sua lealdade.
Que lhes salvara a felecidade.
Porém...
Não foram além,
De ver a rijeza,
De uma pedra em que se esculpia...
Uma face rugosa.
Um nariz curvado.
Um queixo caido.
Uns olhos cegos,
Que os musgos,
Comessavam a cobrir,
Macios e piedosos.

Era verdade!
A promessa de Marta tornara-se realidade.
A velha criada transformara-se
Em pedra rija e fria.
Que parecia estar a despedir-se
Do casal que desaparecia
Cada vez mais... e mais... e mais.

Poema elaborado com base na lenda contada pelo escritor "Antonio Manuel Couto" em 2002

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Fim de ciclo



Fim de ciclo

Estou onde não pertenço.
Porque ja pertenci.
Onde nada mais e denso.
Porque tudo venci.

Parado.
Vivendo...
Não vivo! Somente.
Quando, assim o passado,
Escreve o presente,
Matando o futuro.

Resta-me descobrir,
A distancia a percorrer.
Entre a morte que me esta a cobrir,
E a palavra viver.

Ir e ir.
Encontrar e sorrir.

Não voltar.
Nem esquecer.
Recordar!
A partir desse lugar longinquo e seguro.
Onde pertencer...
Significara, nunca mais andar.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

O amor tem destas coisas



O amor tem destas coisas

O amor tem destas coisas…
Um abraço.
E um beijo.
Um desejo.
E um “faço”.
Uma partida.
E uma chegada.
Uma corrida.
E uma balada.
Uma mentira.
E uma dor suicida.
Uma verdade.
E um ar risonho.
Uma feira.
E uma sala sussegada.
Uma realidade.
E um sonho.
Um nos.
E um presente.
Um tempo feroz.
E uma alma valente.

O amor tem destas coisas...
Destas coisas de que precisas.
Bailarinas em salto-alto.
Que dançam como querem.
Sem dizerem,
Porque aparecem....
Sempre em sobressalto.
Como se não fossem elas acontecer.
Ou nòs desaparecer,
Sem que elas nos vissem.

O amor tem destas coisas...
Destas e muitas outras.
Que saem caras
Ou não.
Dependendo do coração,
Que lhes estende a mão.